quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

BARES E ESQUINAS


(Por Diego EL Khouri)


mil espelhos quebrados
conduzem a linha do tempo ao fio do cérebro mais complexo
passaportes queimados em guerras de porcentagem
quinquilharias mórbidas atravessando albergues
bardos barbudos barbarizando a noite de eletrônica roupagem
vômitos prolongados em terrenos baldios
telúricos vermes de chapéu no mesmo espaço disputando 
o mesmo de ontem, hoje e sempre
telegramas eletrônicos te obrigam a curtir e compartilhar
para um bando de animais chifrudos
sua ausência existencial
e tem a lua 
linda, bela
cheiro de sexo, abraço
(aqui)
nua como sempre
 conduzir me a  camisa de vênus de  seus versos

cuidado para não cegar
pois a beleza cega / fere
e às vezes condena o poema a um caminho de vis paisagens


jovens ainda são o futuro da pátria
é bem provável que não haja futuro
mercadores me olham com cinismo profundo
"NÃO ME VENDO A PREÇO NENHUM!"  logo vou falando
o pior é a gratidão 
asas de morcego na boca da miséria
cristos de gravata lambendo seus fetos
morte sombria na boca melancólica da agonia
abrindo a barriga retirando tripas para uma lavagem
estamos presos na clínica
no motel nas fotos de Carjat
e na abstração de Jackson Polloc

falo sim da poesia-vida
aquela que transita em esgotos
bares 
no meio do gueto
cadeias, esquinas, lugares
a voz arrebatadora de Cazuza
 gritos insanos "colhidos sem dó
por alguém que não quer ficar só"
Edu Planchêz bodisatva beat
"aquele que assume a civilização
tal qual o faz bob dylan"
Ivan silva na flatulência do mundo
sempre uma flor na mão faminta
a cidade vista por cima
em baixo as cinzas
cantamos a poesia
ejaculando vícios
Máh Luporini/  paisagens coloridas

a cidade vista por cima
por baixo

na varanda, no ócio, no trabalho
na feira de domingo
nos hospícios, saídas, entradas
praças, puteiros, escolas
favelas, edifícios, armários

(a cidade vista por cima
deus visto por nada)





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