segunda-feira, 6 de maio de 2013

FLUXO FEBRIL




(Por Diego El Khouri)


"Os vinhos têm pernas e andam trôpegos às encruzilhadas". 
Marcos Alves Lopes

creio que páginas em branco
esquecidas num barco perdido
é  o veneno contemporâneo
dessa geração que não se entrega

viagens aos confins do infinito
para conhecer  almas
sem ponto, vírgulas ou fim
caminhar,  caminhar
caminhar e seguir

bêbado além da conta
bridando o amor encontrado
meu olho no olho  tece planos
necessita amar de verdade

livres bêbados poetas
no rastro do fogo
raio, tempestade
o tudo e o nada
palavras cruzadas
espalhadas no quarto

a vida é água que passa
numa corrente elétrica selvagem

estrelas nos bares berram
vociferam palavras de não ordem
a dança do mundo escuro me acompanha
luzes de neon também

O que você disse? o que você fez?

dúvidas ecoam

no rabo das santas escolhas
garçonetes de argila penetram línguas

olhos deitados na lua

o bardo canta e ouve

ó porcos poetas
que possuem tolas palavras
a boca coberta de desejo 
não conhece prisão

não temos tempo
para pontos e vírgulas

não queremos parar o mar
não podemos esconder o sol

o amor, magia indefinível,
sabe contemplar as flores
e aquecer terremotos

amor, magia sagrada,
misto de pureza e sacanagem
seu ventre opaco me  embriaga

as costas escoradas no muro
fumando mais um cigarro
óculos escuros olhando pra cima
foto preto e branco
uma cena bonita

 reflexão, pensamento
o amor surge após estremecimentos

agora vejo, agora sei

não conheço, não entendo

agora sinto, agora vejo

agora vivo, agora quero

palavras rasgadas no quarto
bebidas enfeitando a mesa

palavras de não ordem
gritaria  e sossego

modigliane, caravaggio,lautrec
estão dependurados no teto
ao lado da hemoglobina sempre viva
de rimbaud e bocage
e algumas granadas e metralhadoras
no assoalho da casa

a rua: 
caminho maior da exaltação conquistada

religião prenso na fumaça
e passo para o lado

as tintas ainda na calça
de frente ao cavalete

também há o amarelo nos dedos
 o vermelho no falo

samira linda, te quero
nas esquinas, salas, quartos e cozinhas
e no túnel obsoleto dos pensamentos
corporais, imaginativos

ser um contigo como o vento é 
para o pássaro
as cores para o pintor
o delírio para o louco

  poesia-furação 
é aquela que pari
 delinquentes cabeças
solitárias 

unidas no fluxo febril
das buscas extravagantes

tenho falado
pensado
prensado
analisado

caindo na vida
feito pedra que rola
 emerge das cinzas
fênix
ave-fogo-tesão

olhos vestindo sangue
que bombeia

acorda agora e veja
meu corpo nu do seu lado.

2 comentários:

  1. Caraleouuuuuu..... sem palavras mais uma vez, te amo obrigada e que deus continue enchendo sua mente de luz!

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  2. Não preciso dizer muita coisa. Adorei o verso:"a vida é água que passa numa corrente elétrica selvagem". Já roubei essa.

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