segunda-feira, 1 de julho de 2019

IMPRESSÕES SOBRE A OBRA "O LIVRO DOS ABRAÇOS" DO EDUARDO GALEANO


Por: Diego El Khouri

     Sopro de nuvens azuis. Parábolas cortantes de fel e poesia. Cheiro do desassossego no sossego dos passos. Olhar sem ver. A abstração no concreto. A matéria condensada em jogos de palavras. A maré cheia da noite. Todo dia é dia de exílio. “Perdidos em lugar algum, em lugar nenhum”.  Raízes penetrantes.  Culturas infindas. Movimentos de bocas e murmúrios. Toda uma América Latina viva, em chamas. Ditaduras e construções pictóricas.  Ditaduras e paredes calcificadas de arte e merda. Ditaduras e paisagens multifacetadas de cores e sabores.  Ditaduras e sangue e hemoglobina escorrendo calçadas e altares. Ditaduras e colonias. Ditaduras e poder. As  relações humanas e o poder.  “Portinari saiu”. Cade Portinari? Suas pinturas — cheiro de terebentina e aguarrás. A sensibilidade da imagem-poesia. Imagem-vertigem. “ Histórias estilhaçadas que encontram a parte que lhes falta”. “ No muro mordido pelos tiros”... Tiros “atravessando os tímpanos” nas trincheiras do ocidente. Caminho da luz rumo ao ocidente. Acidente. Grito sutil. Estridente. Sutilezas que marcam pegadas. Pegadas ninguém vê. Pegadas que muitos sentem. Entrar sem entrar. Neruda em trincheiras de enxofre e flores. Movimento anti fascista. As asas violentas. A águia não devia estar ali. Aqui “nas cozinhas do subúrbio”  “soprar, suavemente, a palma das mãos.” Alguns sonhos faziam fila. Olhavam ao redor. Eduardo Galeano no Livro dos Sonhos    Toda a América. Suas contradições. Olhar fino de fina poesia. Liberdade semântica. Liberdade visual. Liberdade existencial. O olhar fixo na plenitude do êxtase que lapida emoções. 
 




Nenhum comentário:

Postar um comentário