domingo, 31 de maio de 2020

INFINITOS BURACOS

Por: Diego El Khouri

para que abutres comam

canapés e desfilem em tristes ruas cinzas
seus automóveis de 10 mil decibéis 
toneladas de carne humana
são sacrificadas em rodeios macabros
financiados por um tal mercado
que sorri com dentes rubis
róseos rios rotos
cadáveres em filas milimétricas
gargantas que devoram  esgotos

paquidermes monstros ignóbeis
carrascos em cus maculados
na boca fétida que ocupa
a cadeira nefasta que afasta
o olhar piedoso
e a fome necessária de toda manhã

secretários co
rrompidos
cadafalso abrigo,  feridas ferida
bactérias trazidas pelos mares
frios do velho mundo
folhas e orvalhos
a cidade, o silêncio, o vácuo... 

a elite que vocifera mentiras
trás a sina de cada dia
a morte transmutada de ilusão
que mata e fere a fome

foices cortantes, notícias comuns
incomuns lugares banais
noites infinitas que não se calam
gritos pavorosos 
        nos delírios da alma  
                  ( abjeta)
objetos odiosos respingam
imagens de tiros nas casas
  joãos pedros, vinicius e agathas  
         polícia armada
                 / 
      crianças solitárias

vento suave  espalha flores
e em  troca deixa
                               infinitos buracos

Nenhum comentário:

Postar um comentário