Domingo,
um morno café
me desperta lentamente
e as janelas...
Uma rua preguiçosa é descerrada
e uma tímida doçura de crianças
se mistura ao escuro asfalto
que exala pálidas fumaças
de raras motocicletas e carros
que cantam um canto amargo
e logo desaparecem, sorvidos,
após serem levemente mexidos
pelos segundos
movimentando um ponteiro da vida como uma colher.
Os pássaros também rodopiam e falam
entre o silêncio das casas
que velam homens cansados sem asas.
Estariam os homens
sonhando com refúgios ao caos?
Ou dormitarem como um resto
de café logo esfriado,
esquecidos pelo incansável movimentar
dos segundos e dos compromissos?
Sonhariam com uma fusão à inutilidade,
um escape ao utilitarismo
das segundas aos sábados feitos de cafés fervendo
e amargos,
queimando as línguas?
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