domingo, 22 de janeiro de 2023

Por: Thaisa Maia

 Domingo, 

um morno café

me desperta lentamente

e as janelas... 


Uma rua preguiçosa é descerrada

e uma tímida doçura de crianças

se mistura ao escuro asfalto

que exala pálidas fumaças 

de raras motocicletas e carros

que cantam um canto amargo

e logo desaparecem, sorvidos,

após serem levemente mexidos

pelos segundos 

movimentando um ponteiro da vida como uma colher.


Os pássaros também rodopiam e falam

entre o silêncio das casas 

que velam homens cansados sem asas.


Estariam  os homens 

sonhando com refúgios ao caos?

Ou dormitarem como um resto 

de café logo esfriado,

esquecidos pelo incansável movimentar 

dos segundos e dos compromissos?

Sonhariam com uma fusão à inutilidade,

um escape ao utilitarismo

das segundas aos sábados feitos de cafés fervendo

e amargos,

queimando as línguas?

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