Por: Diego El Khouri
Hoje é o aniversário do ator e poeta Eduardo Tornaghi , um grande ativista da palavra.
Participei de alguns saraus que ele promovia (e ainda promove ) no Rio de Janeiro.
Um deles era a Pelada Poética que ainda acontece toda quarta feira no Leme e também alguns saraus pela Lapa.
Um cara admirável, sensível e incansável!
contra o fascismo e pela poesia!
********
Gênesis
No princípio era o silêncio
obra prima de ausência
depois veio o Verbo
por fim o Verso
iscas de som em busca
de retorno à essência
o vazio
Silêncio
Na foto: Eduardo Tornaghi e Diego El Khouri no bar Toca da Formiga, Lapa, Rio de Janeiro, RJ; 2014
Na foto: Eduardo Tornaghi e Diego El Khouri no sarau Pelada Poética no Leme, Rio de Janeiro, RJ; 2014
CURRÍCULO
já soquei tijolo já virei concreto
já comi do bom e já pastei sem teto
já passei vazio já sonhei repleto
só me falta chorar pra ser completo
já comi do bom e já pastei sem teto
já passei vazio já sonhei repleto
só me falta chorar pra ser completo
já banquei o bobo me pensando esperto
já fechei a porta e ainda restei aberto
já comprei a banca — já fui objeto
só me falta chorar pra ser completo
já fechei a porta e ainda restei aberto
já comprei a banca — já fui objeto
só me falta chorar pra ser completo
só plantei a dor achando ser correto
já tive razão mesmo sem estar certo
já me fiz sublime — já fui abjeto
já tive razão mesmo sem estar certo
já me fiz sublime — já fui abjeto
já clamei por voz no pleno deserto
já me atrapalhei com tudo que é afeto
só me falta chorar pra ser completo
já me atrapalhei com tudo que é afeto
só me falta chorar pra ser completo
Condição Humana
Para organizar o pensamento
invento o tempo
Para guiar meus passos
crio o espaço
Por teu encantamento
me desfaleço
______
Epifania
Não conseguia entendiar-me
em meio à multidão
fugi dela
Não conseguia enfurecer-me
em meio a mim mesmo
cheguei
_______
Sonetilho
Sinto-me fora do mundo
Mentira. Não sinto nada
Sinto sim que estou imundo
Eu sentira a coisa errada
Estar sujo é estar imerso
Em tudo que é de mais real
Decantar o real em verso
Faz diverso o que era igual
Problema é não ser poema
O vazio que me rói
por mais que rebusque o tema
Sendo ele vazio se esvai
Some pra fora da cena
Só sobrando o que me dói
____
Singularidade
_ Alumbramento
p/ Manuel Bandeira
Abriu-se um espaço no tempo
Abriu -se um tempo no espaço
Deu-se um silêncio no vento
Deu-se inequívoco passo
O espaço de tempo que é tempo
Bem antes de ser espaço
Expandiu um ponto lento
Pulsando tornou-se "eu faço"
E fez-se o universo imenso
E fez-se o calor do abraço
Poemas retirados do Livro MATÉRIA DE RASCUNHO.
Edição do autor, Rio de Janeiro, 2011)
Edição do autor, Rio de Janeiro, 2011)
Nenhum comentário:
Postar um comentário