segunda-feira, 12 de agosto de 2013

PELAS BRUMAS ENVOLVENTES


(Por Diego El Khouri) 



A linguagem é um vírus do espaço exterior.
Burroughs

                           I

pelas brumas loucas envolventes
pelo sol que me condena vivo
pela nebulosidade que os dias se afirmam
rasgo minha roupa toda
delicio com o não estar do ambiente
empíricas formas humanas atravessam séculos
com suas caras feias e seus frágeis sexos sem grito e esperma

nauseabundos expoentes cadavéricos  finos
sapateiam na pontinha
bem na pontinha do “bunda lê lê” sonoro chulo
e eu grito a sombra sonora do samba de botequim
arcaico moderno
 palavras sangrentas
palavras febris,
o  penetrante veneno que é a face exposta do poeta - bandido
sem mestre ou discípulo
rebola no cu das atmosferas falidas
(destruir para reconstruir)

“cogito ergo fumo”

a “libação das páginas de poesia”
“no tênue filtro celeste 
de teus espontâneos beijos"
é colagem fixada em espinhos
uma rede fina na praia
bundas passando aqui e acolá
sem medo da censura
política ou moral


antes transgressão rimbaudiana
escândalos em bares, quebradeiras
hoje silêncio na página amarela
miles davis ao fundo novamente
Porgy and Bess (mil novecentos e cinquenta e nove)

minhas asas se partiram,
10 kilos a menos
10 toneladas de estresse


- ontem bebi  e vomitei
mil novecentos altares -

                        II

soy negro de la noche en posición fetal
yo soy la luz de las estrelas,
el calor del sol que sirve de refugio
y la desobediencia fatal de lo absurdo

eu sou pois quero ver em cima
da lua da noite do  teu traseiro
a lua tingida de amor
teu sexo desvairado, mulher,
tuas  pétalas se abrindo
sugando para dentro de ti
a brasa que me faz poeta e bandido

penetro la noche con fiebre

vagina afundando em língua
molhada no amor que se constrói
a cada manhã sorrateira
o meu signo, meu sexo se refaz

ó musa dos grandes  ventos,
éolo te espera de joelhos
no leito, no quarto
nas paredes abertas da alma da carne

do desejo  da  sede da fome da gula

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