Por: Laura Lauco
A vida metida num gráfico no Jornal do Almoço. Não há estômago que possa digerir. Uma porcentagem da desgraça, do descaso, do assassinato. É em nome do dinheiro, do real e do imaginário - a morte tem a forma de um Homem, sem dúvida. É em nome da bandeira, do poder, da vontade. Em nome da família, da honra e da verdade. Da boa imagem. Em nome do discurso, do ódio e do sangue. Da sede pela desgraça, competindo com o próprio Diabo. Da masturbação pela raiva, do orgasmo pela dor alheia. E depois de te sufocarem até a morte, vão querer que tu penses que esse desejo foi teu. Que o erro foi teu. E que a morte é o acaso do que está por aí. Vão te injetar nos olhos. Vão dizer que a tua vida no gráfico do Jornal do Almoço foi culpa tua, num descuido, enquanto das mãos deles escorre o sangue.
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