Por: Rogério Skylab
Silêncio da não comunicação.
Silêncio agudo, em chama.
De quem não aceita, nem reclama.
Silêncio que escorre, se alonga,
como um acorde sem som.
Silêncio da televisão desligada.
Silêncio que parece um parto.
Silêncio da minha mãe em coma.
Silêncio que se concentra,
indiferente a qualquer apelo.
Um silêncio longo, quieto,
em meio ao burburinho da cidade.
Silêncio que espera
(de quem escreve)
a palavra certa que não vem.
Silêncio que erra
entre as palavras
(exala seu cheiro
no interstício delas).
Silêncio que antecede ao poema
e continua nele.
Silêncio de onde vim
e para onde retornarei.
É o silêncio dela
que é o meu
diante do seu corpo.
É o silêncio da minha mãe em coma.
Silêncio que espera
e não responde
ao meu silêncio diante dela.
Rogerio Skylab
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