quinta-feira, 7 de março de 2024

POR MAIS QUE TENTEM... A PORRESIA NÃO PARA DE ROLAR


 

Mar de Lágrimas

 

Hoje a favela chora.

Pelos rostos aflitos

As lágrimas escorrem

Sem nunca cessar…

 

Lágrimas que vão

Lavando os becos e vielas

O jardim da juventude

Está se tornando escasso por aqui.

 

Hoje, sem pudor a favela chora

O mar de lágrimas corre

Pela cidade inteira,

Clamando – Parem de nos matar.


- Guilherme de Andrade -




BASEADO NA TERRA DO NUNCA


 Minha sininho
é o mosquito 
hipnotizado pela
chama do
isqueiro.

- Rafael Vaz -



SONETO 509 ASSUMIDO

 

Mattoso, que nasceu deficiente,

ainda foi currado em plena infância:

lambeu com nojo o pé; chupou com ânsia

o pau; mijo engoliu, salgado e quente.

 

Escravo dos moleques, se ressente

do trauma e se tornou da intolerância

um nu e cru cantor, mesmo à distância,

enquanto a luz se apaga em sua lente.

 

Tortura, humilhação e o que se excreta

são temas que abordou, na mais castiça

e chula das linguagens, o antiesteta.

 

Merece o que o vaidoso não cobiça:

um título que, além de ser "poeta",

será "da crueldade" por justiça.


- Glauco Mattoso -

Nenhum comentário:

Postar um comentário