quarta-feira, 17 de abril de 2019

GUIMBA E A CONSCIÊNCIA SOCIAL

Por Fabio da Silva Barbosa

Nada surge do nada. As coisas, fatos e fatores possuem toda sua história. O menino rouba, mas ele não nasceu naquele momento, roubando.  Ele trabalhava duro como cobrador da combi que fazia a subida do morro. Chegava na porta de casa exausto e tinha de esperar sua mãe acabar de se “divertir” com algum bêbado que havia arrastado do forró. Sentava e ficava esperando ao lado da porta aquilo que poderia durar a noite toda. Muitas vezes, quando conseguia entrar no barraco de um cômodo, via o pouco dinheiro que tinha conseguido ser tomado por ela. Codinome: Cangaceira. Ambos possuíam muitas cicatrizes pelo corpo e pela alma. O frio batia forte até a porta abrir. Via as pernas bêbadas passarem ao seu lado e entrava de cabeça baixa. A panela vazia. Não existia banheiro ou janela. Se acomodava sobre os trapos em um canto, dividindo o espaço com a cadela que tinha como única amiga. O nome dela era magrela. Nem ele, nem Magrela, gostavam do cheiro de pedra quando a mãe tava fumando. O barraco ficava impregnado. Agora era linchado por uma multidão que o culpava por não ter consciência social. Morreu sem saber o que isso significava 
Nada surge do nada. Tudo tem um início, um meio e um fim.

Nenhum comentário:

Postar um comentário