sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

TODO PARTIDO POLÍTICO RESPONDE AO MESMO SENHOR

Por: Diego El Khouri

Haddad é biscoito fino. No país historicamente sabotado pelo ensino, na qual a população em geral não lê, é natural que ele não tenha apelo popular como seu rival que ganhou as eleições. Haddad vai falar de filosofia, apontar dados econômicos, fazer analogias com o Brasil pretérito e atual projetando luzes para o futuro, debater sobre as desigualdades sociais e apontar pontos cruciais de suas pesquisas acadêmicas. Haddad dialoga com grandes autores e pisou no chão da terra para tentar popularizar um pensamento que dentro de sua "torre de marfim" ainda é difícil de atingir uma população ainda, infelizmente, sem acesso ao ensino de qualidade. PT não foi nada mais que um "capataz gente boa". Jogou migalhas para o povo (migalhas essas que mudou a realidade de milhões de pessoas em estado de miséria total), abriu as portas das Universidades para os desfavorecidos financeiramente, deu possibilidades do pobre ter sua casa própria e atravessar o país através do avião (veículo até então destinado apenas à elite). O poder que controla a política na face cruel e nefasta do mercado econômico não viu de forma nenhuma com bom olhos esse pequeno esforço do Lula em dar condições melhores a esse povo tão sofrido, explorado e humilhado pelos "urubus do imperialismo" (detentores do roteiro continental). A política sempre vai estar à merce de um poder oculto. É a lógica do sistema capitalista. Não é atoa os inúmeros golpes de Estado na América Latina. A história se repete. Vide as ditaduras do passado recente. Por essa e outras não sou partidário. Todo partido é tentáculo de um poder sanguessuga e qualquer um que resolver "alimentar os pombos" vai ser excluído do jogo político. Lula, assim que ganhou a primeira eleição à presidência da República, lambeu as botas dos Bancos, moderou o discurso e não fez questão de mudar as estruturas. Nem a reforma agrária (mote principal da campanha) foi colocada em pauta assim que o "cumpanheiro" sindicalista subiu as rampas do Palácio do Planalto. Eu, niilista ao extremo, fazia alguns anos que não votava por não querer participar desse teatro canastrão da "polititica" (usurpando um título de um livro de poesias do Glauco Mattoso). Mas confesso que essa última disputa eleitoral foi atípica. Os poderes nebulosos por trás da cortina que arquitetam as peças do tabuleiro viram em bolsonaro (faço questão de escrever com letra minúscula o nome desse energúmeno) uma forma de conter essa onda de "iluminação de consciências " que lançava cores e brilhos na face de uma juventude que enfim, depois de séculos de exclusão, tiveram acesso a determinado tipo de informações e reflexões até então destinada apenas aos "bens nascidos". Trump e outros autoritários fascistas espalhados pelo mundo fazem parte dessa dança macabra. Bolsonaro representa o que há de mais medíocre e desprezível no gênero humano. Declarações abertas contra os negros, indígenas, lgbts e mulheres são de embrulhar o estômago. Frases como "escolher emprego ou direitos" ditos de forma aberta, por incrível que pareça, abriu seu caminho para uma vitória afrontosa nas eleições. A mídia, tentáculo do poder, coniventes com a proposta política dessa marionete dos norte americanos, o calou através de uma facada, que não vejo o problema em dizer que foi uma farsa. Um imbecil calado é mais eficiente que um imbecil falastrão. Esse imbecil fala muita bobagem. A pergunta que fica é a seguinte: mesmo depois de um ano de governo, quem apoia esse presidente continua alienado (vítima de uma mídia convencional apática e que trabalha pelo imperialismo) ou apenas é um racista, homofóbico, fascista ou apenas um lambe botas que precisa de líderes autoritários para massagear um desejo sádico inconfessável?

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